quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Assisti ao meu primeiro dorama e foi isso que eu achei...


Nos últimos meses, tenho visto nos grupos de escritoras uma enorme quantidade de posts a respeito de umas novelinhas coreanas e chinesas. Muita gente se afirmando viciada e jurando amor eterno a personagens que nem ouso nomear por escrito, a chance de errar a grafia beira os 90%. 
Confesso que fiquei meio sem entender do que se tratava e, a princípio, nem procurei saber. Afinal, 2019 já estava sendo literariamente improdutivo o suficiente: pouco li, quase nada escrevi e assisti a tantas séries e filmes que a quantidade de horas gastas nisso dariam para começar e terminar mais um andar na torre de Belém. Tudo de que não precisava era desperdiçar mais horas em frente a uma tela. Chegou 2020 e, junto com ele, uma melhora na produção. Aí bateu forte a curiosidade com esse negócio que tantas mulheres que eu respeito e admiro amam.


Na hora de escolher, fui na indicação de uma amiga que tem gostos semelhantes. Se a Rebeka curtiu, a chance de dar certo aumenta exponencialmente. Logo na abertura, a música pop chinesa de batida fácil e timbre infantil prenderam a minha atenção e, de cara, lá se foram 9 episódios numa única madrugada insone. Destaque para a mocinha de aparência comum, sem nenhum traço de insegurança.
A impressão é que o dorama conquista pela simplicidade. Personagens bem definidos e elementos de teatro infantil tornam fácil perceber quem é quem logo nos primeiros segundos em tela. Figurino, expressão, trilha sonora e cenários contribuem para uma estética que mistura novela mexicana e anime. Cenas cômicas não poupam olhos exageradamente arregalados e onomatopéias dignas de animações. A parte dramática não se poupa. No primeiro episódio, a protagonista se dá mal num teste, pega o namorado com uma amiga e descobre um câncer, tudo na mesma tarde. Em resumo, as tintas são bem carregadas, não há qualquer espaço para sutilezas na narrativa.


A série se utiliza de uma fórmula consagrada e óbvia, mas passa longe de entediar, mesmo os adultos.
Adorei que a mocinha pobre não muda de estilo quando se casa com o bilionário, nem esquece o que era importante para si antes de conhecê-lo.
As tramas são repletas de clichês, usados sem nenhum pudor: sequestros, casamento por contrato, mocinho arrogante e mandão, família rica e controladora, capitalistas malvadões, casal preso em elevador e ilha deserta. Se tem a pretensão de levantar alguma bandeira, não percebi. As séries não problematizam nada e se dedicam à missão de entreter e fazer sonhar.
Foi encantador ver aspectos da cultura oriental inseridos nas entrelinhas, como perseverança e trabalho duro sempre vencerem sorte, a culinária típica (que vai muito além do rolinho primavera). A obsessão dos chineses por marcas e moda está presente nos figurinos e diálogos.
As locações são lindas e os atores também. Aliás, alguém me passa o telefone do dermatologista da mãe empresária cinquentona. Que pele é aquela?
A conclusão é que o dorama distrai e diverte, tem a boa e velha moral da história que sempre funcionou, desde que alguém inventou de conta-las.
Recomendo fortemente e agora termino o texto para dar atenção à minha segunda experiência como dorameira. Bem me avisaram que vicia...