domingo, 26 de julho de 2020

A loucura transgênero está criando milhares de jovens vítimas


A loucura transgênero está criando milhares de jovens vítimas
De Jonathon Van Maren

 7 ¾ min
Irreversible Damage: The Transgender Craze Seducing Our Daughters, Abigail Shrier, Regnery Publishing, 287 pp.
Dano Irreversível: A loucura transgênero vem seduzindo nossas filhas, Abigail Shrier, Regnery Publicações, 287 pp.
Em 2014 a Revista TIME lançou o ator transgênero Laverne Cox na capa, sob o título “O ponto de virada transgênero”. Um ano depois, em 2015, a CNN anunciou a chegada formal do nosso “momento transgênero”. Em junho daquele ano, a capa da Vanity Fair com Caitlyn Jenner tornou tudo oficial. Trans estava na moda, chova ou faça sol.
Se 2015 foi quando o momento transgênero começou, “Dano irreversível: a loucura transgênero seduzindo nossas filhas”, de Abigail Shrier, publicado no mês passado é um desesperadamente necessário boletim de desempenho. O livro de Shrier mostra como olharemos para trás e apontaremos para os anos vindouros para sua presciência e avisos proféticos. Considerando o clima vicioso cercando o debate transgênero, foi necessária coragem genuína para Shrier escrever esse livro. Ela já está sendo atacada como transfóbica e a Amazon recusou-se a permitir que o livro fosse divulgado. Apesar disso, Dano Irreversível não é conteúdo ideológico. É um medido e incansável olhar sobre o dano que o movimento transgênero tem feito num inacreditavelmente curto espaço de tempo.
Quando Shrier usa o termo “loucura” ela afirma em sentido científico. Disforia de Gênero de Início Rápido (ROGD – Rapid Onset Gender Dysphoria) é o que a Dra. Lisa Littman chama um “contágio social” e ele primariamente impacta jovens garotas. Há pouco tempo, apenas 0,002 a 0,003 por cento das meninas nos Estados Unidos se identificavam como transgêneros. Agora, esse total está acima de 2 por cento, e Shrier me disse que ela acredita que a taxa aumentou em milhares de pontos percentuais (no Reino Unido, o número de meninas identificadas como transgêneros cresceu mais de 4000 por cento). A maioria dos jovens trans-identificados costumavam ser do sexo masculino – e isso se inverteu. Em 2016, por exemplo, garotas contavam 46 por cento das cirurgias de reatribuição sexual nos Estados Unidos. Um ano depois, o número evoluiu para 70 por cento.
No muito difamado estudo de Littman, em 2018: “Reportes de pais de adolescentes e jovens adultos percebidos a mostrar sinais de uma Disforia de Gênero de Início Rápido”, ela descobriu que absolutos 70 por cento dos adolescentes trans pertenciam a um grupo onde um dos membros já havia se revelado trans e, de acordo com os pais, um terço deles não havia mostrado nenhum sinal de disforia anteriormente. Apesar da insistência dos ativistas trans que isso é apenas “transfobia” da parte dos pais, 85% dos pais entrevistados eram apoiadores das causas LGBT. Mas por fazerem perguntas, implorarem que suas filhas adiem os bloqueadores de puberdade e cirurgias mamárias, eles são condenados pelos trans ativistas como fanáticos cruéis.
As entrevistas de Shrier com os pais de crianças trans são de partir o coração. Muitos dos pais apontam a internet como a fonte do interesse de suas crianças no transgenderismo – o estudo de Littman indica de 65% das garotas descobriram o transgenderismo via mídias sociais – e trans influenciadores extremamente populares estão funcionando como gaiteiros incentivando as meninas a “cortarem” os pais que questionarem sua nova identidade. Esses pais, de acordo com os influenciadores trans, são “tóxicos” e “não seguros” e provavelmente causarão ideias suicidas. Esses pais, sugerem as estrelas trans no YouTube, podem ser substituídos por outros trans – sua família de Glitter.
Influenciadores Trans são geralmente jovens e inacreditavelmente carismáticos, produzem vídeos do tipo “como fazer” e vlogs que alcançam centenas e milhares de visualizações. Shrier nota uma consistente série de mantras: se você pensa que pode ser trans, você é; binders (malhas de compressão para achatar os seios e “passar” como homem) são uma ótima maneira de testar; se seus pais realmente te amassem, eles a apoiariam; se você não receber apoio, você provavelmente vai se matar; mentir para os médicos é OK, se isso ajudar na sua transição. Influenciadores trans ajudam meninas a comprar os binders online, ensinam o que dizer aos médicos e terapeutas para ser diagnosticada como trans e explicam como conseguir testosterona, coloquialmente chamada de “T”. Há mais de seis mil vídeos explicando como injetar “T”, e todos garantem ao espectador que isso é incrível.
Apesar de ativistas trans insistirem que bloqueadores de puberdade são seguros, a evidência que Shrier cita sugere o contrário. Bloqueadores de puberdade têm um impacto no desenvolvimento do cérebro, reduzem a densidade dos ossos e altera o crescimento. Eles podem impedir que o usuário alcance todo o QI potencial, inibem a função sexual, engrossam o sangue, aumentam o risco de ataque cardíaco em cinco vezes, aumentam o risco de diabetes, coágulos e câncer, também podem resultar em atrofia vaginal. Eles também transformam o desenvolvimento natural dos genitais. Após tomar testosterona por um tempo, meninas jovens podem ver seu clítoris crescer até o tamanho de uma cenoura baby. Após alguns meses, as meninas desenvolvem pelos no corpo e barba, a voz fica mais grave e elas terão acne e, em alguns casos, uma calvície masculina. O nariz geralmente se arredonda, o queixo fica quadrado e os músculos se tornam pronunciados. O sexo se torna doloroso, se não impossível. Algumas das mudanças são permanentes: mesmo que a menina pare de tomar a testosterona, os pelos do corpo e rosto provavelmente permanecerão, assim como o clítoris crescido.
Os binders podem causar dores nas costas, nos ombros, no peito, encurtamento da respiração e fratura nas costelas. Eles também podem danificar permanentemente os tecidos, levando os seios a parecerem balões murchos. E se garotas decidirem pela cirurgia “em cima” – uma mastectomia dupla – o dano é permanente. Apesar do fato que Dra. Johanna Olson-Kennedy do Centro para Saúde Juventude Trans, tenha dito irreverentemente para uma plateia em Los Angeles que “se você quiser seios mais tarde, na vida, basta adquiri-los”, esse não é bem o caso. Você pode, se isso for verdade, comprar caroços de carne que lembram, e então costura-los, mas a capacidade de amamentar, as zonas erógenas – tudo isso se foi para sempre. Mais de 36% de mulheres identificadas como homens trans fazem a cirurgia “de cima”, e outros 61% querem fazer. Felizmente, relativamente poucas meninas estão interessadas na cirurgia “de baixo”, faloplastia.
Adolescentes constantemente conseguem bloqueadores de puberdade antes que possam beber, fumar, dirigir ou votar. Infertilidade permanente e mutilação corporal são o resultado comum.
A loucura transgênero tem sido encorajada pelas escolas públicas, que ensinam ideologia de gênero como fato. Por exemplo, Shrier cita esta pérola do Conselho de Educação da Califórnia, Quem é você? O guia de identidade de gênero para crianças: “Bebês não sabem falar, então os adultos fazem uma suposição olhando seus corpos. Este é o sexo designado a você no nascimento, masculino ou feminino”. Resumindo: “Você é quem você diz que é, porque VOCÊ sabe melhor”. Pai – ou mãe – certamente não sabem sabem o melhor, e pais não são informados se seus filhos são identificados como trans ou se buscam a transição como uma questão de política. Como disse à Shrier, a professora de 5.a série C. Scott Miller, sem rodeiros: “Os pais vêm e dizem, ‘eu não quero meu filho chamado assim’. Legal, mas seus direitos parentais terminaram quando suas crianças se matricularam na escola pública”. As escolas ensinam às crianças que elas podem ser de qualquer gênero que elas escolham. Não por acaso, a única opção não celebrada é “cisgênero”.
O custo de tudo isso já está em evidência. Shrier entrevistou respeitados terapeutas, cientistas e especialistas demovidos de seus campos por vingativos ativistas trans que os acusam de facilitar ideias suicidas em crianças trans (uma alegação que ela derruba cuidadosamente com evidências). Ela falou com des-transicionadores que entenderam que disforia de gênero não explica realmente o desconforto delas com seus próprios corpos (comum para meninas adolescentes, Shrier aponta) ou suas questões de saúde mental. Esta comunidade é comumente ostracizada e caluniada pelo movimento trans, que essencialmente alega que eles não existem. Se você desiste, eles explicam simplesmente que você nunca foi trans. Assim, nenhuma pessoa trans desiste. A realidade é que muitas meninas estão sofrendo em um cenário desolador que Shrier estabelece em termos de arrepiar. Um dia, Shrier escreve, muitas meninas acordarão sem os seios e sem útero e questionarão: Eu era só uma adolescente. Uma criança. Por que ninguém me parou?
Por mais devastador que sejam suas conclusões, Shrier deixa alguma esperança para o leitor. Há muito o que os pais podem fazer para proteger suas filhas, ela escreve, e ela me disse que é essencial que os pais levem a sério essa “loucura transgênero”. Ela aconselha os pais de crianças trans a encontrar grupos de apoio com outros pais que passem pela mesma coisa; evitar dar smartphones a crianças, e combater a ideologia de gênero infundindo isso na educação de suas filhas. Acima de tudo, ela escreve, os pais não devem abrir mão da autoridade parental, e deveriam parar de apoiar essas novas tendências sem questionar. Adultos têm responsabilidades junto às crianças, agora mais do que nunca. Medidas drásticas podem ser necessárias – ela cita pais que precisaram mudar-se fisicamente para separar suas filhas de grupos tóxicos e escolas “afirmativas”. E acima de tudo, ela escreve adiante, nós precisamos parar de patologizar a feminilidade. Meninas são diferentes e a puberdade é difícil. Não é algo a ser curado. É maravilhoso ser uma menina, ela escreve, e uma ideologia baseada em estereótipos sexuais datados que as feministas uma vez buscaram distanciar, que não deveriam ser trilhados com drogas, mastectomias e o desejo de escapar da feminilidade.
Shrier nos dá a oportunidade de repensar a loucura transgênero que vem varrendo o mundo ocidental. Pelo bem de nossas filhas, nós deveríamos ouvi-la
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Link original: https://www.intellectualtakeout.org/the-transgender-craze-is-creating-thousands-of-young-victims/?fbclid=IwAR0rph2zrjgnsuJkOYr1ILKLvDjOxE--57fSY0w8aKUn5sev4jVTCyGaMBo

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Assisti ao meu primeiro dorama e foi isso que eu achei...


Nos últimos meses, tenho visto nos grupos de escritoras uma enorme quantidade de posts a respeito de umas novelinhas coreanas e chinesas. Muita gente se afirmando viciada e jurando amor eterno a personagens que nem ouso nomear por escrito, a chance de errar a grafia beira os 90%. 
Confesso que fiquei meio sem entender do que se tratava e, a princípio, nem procurei saber. Afinal, 2019 já estava sendo literariamente improdutivo o suficiente: pouco li, quase nada escrevi e assisti a tantas séries e filmes que a quantidade de horas gastas nisso dariam para começar e terminar mais um andar na torre de Belém. Tudo de que não precisava era desperdiçar mais horas em frente a uma tela. Chegou 2020 e, junto com ele, uma melhora na produção. Aí bateu forte a curiosidade com esse negócio que tantas mulheres que eu respeito e admiro amam.


Na hora de escolher, fui na indicação de uma amiga que tem gostos semelhantes. Se a Rebeka curtiu, a chance de dar certo aumenta exponencialmente. Logo na abertura, a música pop chinesa de batida fácil e timbre infantil prenderam a minha atenção e, de cara, lá se foram 9 episódios numa única madrugada insone. Destaque para a mocinha de aparência comum, sem nenhum traço de insegurança.
A impressão é que o dorama conquista pela simplicidade. Personagens bem definidos e elementos de teatro infantil tornam fácil perceber quem é quem logo nos primeiros segundos em tela. Figurino, expressão, trilha sonora e cenários contribuem para uma estética que mistura novela mexicana e anime. Cenas cômicas não poupam olhos exageradamente arregalados e onomatopéias dignas de animações. A parte dramática não se poupa. No primeiro episódio, a protagonista se dá mal num teste, pega o namorado com uma amiga e descobre um câncer, tudo na mesma tarde. Em resumo, as tintas são bem carregadas, não há qualquer espaço para sutilezas na narrativa.


A série se utiliza de uma fórmula consagrada e óbvia, mas passa longe de entediar, mesmo os adultos.
Adorei que a mocinha pobre não muda de estilo quando se casa com o bilionário, nem esquece o que era importante para si antes de conhecê-lo.
As tramas são repletas de clichês, usados sem nenhum pudor: sequestros, casamento por contrato, mocinho arrogante e mandão, família rica e controladora, capitalistas malvadões, casal preso em elevador e ilha deserta. Se tem a pretensão de levantar alguma bandeira, não percebi. As séries não problematizam nada e se dedicam à missão de entreter e fazer sonhar.
Foi encantador ver aspectos da cultura oriental inseridos nas entrelinhas, como perseverança e trabalho duro sempre vencerem sorte, a culinária típica (que vai muito além do rolinho primavera). A obsessão dos chineses por marcas e moda está presente nos figurinos e diálogos.
As locações são lindas e os atores também. Aliás, alguém me passa o telefone do dermatologista da mãe empresária cinquentona. Que pele é aquela?
A conclusão é que o dorama distrai e diverte, tem a boa e velha moral da história que sempre funcionou, desde que alguém inventou de conta-las.
Recomendo fortemente e agora termino o texto para dar atenção à minha segunda experiência como dorameira. Bem me avisaram que vicia...




quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Feliz Aniversário, Freddie, o Grande Fingidor


★05/09/1946 24/11/1991


Esse ano tive a chance de ler a biografia de Freddie Mercury. Foi um dos poucos livros lidos até agora, em 2019 e um dos que mais me marcaram nos últimos tempos. Amar Freddie e sua obra foi uma das melhores coisas que minha mãe teve a oportunidade de me ensinar. Lembro-me que ela ficou bem triste quando ele se foi e que ela sempre nos mostrava a música dele, costume que repito com os meus filhos e até com amigos. "Você tem um minuto para ouvir a música do Queen?". Geralmente a resposta é sim.
Freddie era um cara peculiar desde cedo. Apreciava ópera, desenhava, tinha muitos amigos e nunca olhava para trás ao finalizar um ciclo. Vaidoso, muitas vezes soberbo, genial e sempre em busca de algo que o preenchesse. O biógrafo descreve a frustração dele em busca do prazer, que provavelmente só encontrava na arte. Até o sexo se tornara enfadonho depois de algum tempo e é provável que grande parte de sua genialidade tenha vindo disso. Sua eterna busca por si mesmo nos presenteou com tantas obras primas que é difícil escolher uma mais especial que as demais. 


Entrevistada, sua mãe afirmou que a música que melhor o descrevia era The Great Pretender, que, ironicamente, não era de sua autoria. Ela via no filho aquele grande fingidor, que falseia uma felicidade histérica e cheia de glamour, mas que, no fundo, não encontrou aquilo que procurava.
Perceber isso partiu meu coração, mas de jeito nenhum é novidade. Canções como "Bohemian Rhapsody" e "Somebody to Love" são excelentes pistas dessa busca. Ninguém pode afirmar se no fim, ele encontrou, mas em meu nome é no de uma legião de fãs, posso dizer: obrigada pelo que fez enquanto procurava, Farrokh. Você mudou o mundo enquanto buscava a si mesmo. Isso é o maior sonho de todo artista.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Teke Teke, a lenda urbana japonesa


As Criaturas mais assustadoras do Folclore:  Teke Teke



Teke Teke é uma lenda urbana japonesa que conta a história do fantasma vingativo de uma garota adolescente. Ela espreita em volta de estações de trem e áreas urbanas à noite. Se ela te escolher, vai te perseguir e matar, para imitar sua própria deformação.

A garota que corre sobre os cotovelos


Dizem que Teke Teke morreu nos trilhos, depois de ser atropelada por um trem. Ela morreu quando o trem passou por cima dela e a cortou ao meio, separando as pernas do resto do corpo. É por isso que ela é vista principalmente próxima a estações de trem. Se ela escolhe você, vai perseguir e matar com uma serra afiada ou uma foice. O nome dela vem do “tec-tec” que faz quando corre sobre os cotovelos.
Por ser uma lenda urbana, não sabemos a origem da história. Ela é classificada como onryo, um espírito vingativo, e variações dessas histórias remontam ao século XVIII. Sua aparência é semelhante em quase todas essas histórias: da cintura para cima ela parece uma garota norma, com cabelos longos e negros, da cintura para baixo não há nada além de sangue e entranhas. Algumas versões dizem que ela tem garras no lugar das unhas para ajudar a se arrastar por aí, no lugar de correr sobre os cotovelos.
Teke Teke persegue suas vítimas por ruas escuras à noite. Ela é incrivelmente rápida e pode reportadamente alcança-las, inclusive enquanto dirigem seus carros. É evidente que o conto se originou como um alerta para evitar que crianças andassem por aí sozinhas à noite.

A lenda urbana


Essa é a história mais comum da Teke Teke:
Um garoto deixou sua escola numa noite. Quando ele ia passando pelo prédio, ele ouviu um barulho e olhou para trás. Na janela estava uma linda garota. Isso era estranho, porque ele frequentava uma escola só para garotos, mas ele não se prendeu a isso. A garota tinha os braços apoiados no parapeito da janela e olhava diretamente para ele. Quando ela viu que ele encarava de volta, ela sorriu e se abraçou.
De repente, ela pulou a janela. O garoto viu que ela não tinha a parte de baixo do corpo. Ela se arrastava em sua direção sobre os cotovelos. O garoto tentou correr, mas o terror o fez congelar onde estava. Em questão de segundos, a garota estava em cima dele, tirou sua foice e o cortou pela metade.

Uma origem alternativa


Essa versão alternativa não é a origem da lenda urbana, e provavelmente é muito mais recente que a história original, embora seja interessante, de qualquer forma. A história acontece nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, uma funcionária de escritório foi atacada e estuprada por soldados americanos. Naquela noite, ela se jogou de uma ponte sobre os trilhos do trem. Ela foi atropelada pelo trem que passava com força o suficiente para partir seu corpo pela metade.
O ar da noite estava tão frio que forçou os vasos sanguíneos a contraírem, contendo o sangramento. Por vários minutos, ela se arrastou procurando por ajuda. Um atendente da linha de trem veio a seu encontro. Ao invés de ajuda-la, o atendente a cobriu com um plástico. Sua morte foi lenta e dolorosa, e agora ela assombra a estação de trem procurando por vingança.
Traduzido de: https://bethanymartinbooks.com/folklores-scariest-creatures-teke-teke/

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Incêndios na Amazônia

Fires in Brazil
11 de agosto de 2019

Fires in Brazil
13 de agosto de 2019


Começou a época de queimadas na floresta Amazônica.
O Espectrorradiômetro de Imagem de Resolução Moderada (MODIS) no satélite da NASA, Aqua, capturou essas imagens de diferentes incêndios que queimam nos estados de Rondônia, Amazonas, Pará e Mato Grosso em 11 e 13 de agosto de 2019.
Na região amazônica, incêndios são raros na maior parte do ano porque o tempo úmido impede que eles se iniciem e se espalhem. No entanto, em julho e agosto, essa atividade aumenta em função da chegada do tempo seco. Muitas pessoas usam o fogo para manter áreas de cultivo e pastagem, ou para limpar a terra para outros propósitos. Tipicamente, o pico das atividades acontece no começo de setembro e, em geral, cessa por volta de novembro.
A partir de 16 de agosto de 2019, as observações de satélite indicaram que o total de incêndios na Amazônia foi levemente abaixo da média dos últimos 15 anos.
Apesar da atividade estar acima da média no Amazonas e numa pequena área em Rondônia, ela esteve abaixo da média no Mato Grosso e no Pará, de acordo com o Banco de dados global de emissões de incêndios.

Artigo original em: https://earthobservatory.nasa.gov/images/145464/fires-in-brazil

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A amiga


A amiga

Moro só com meu pai há quase um ano. Um dia, minha mãe acordou e me avisou que estava indo embora e que só levaria minha irmã. Queria poder contar que fui altiva e que não perguntei o porquê e nem pedi que ela me levasse, mas eu fiz tudo isso. Chorei como louca e implorei que não me deixasse. Mas ela se foi. Acho que estava triste, espero que as lágrimas não tenham sido só por pena. Espero que ela também sinta a minha falta.

          Algumas semanas depois da partida delas, minha amiga chegou. Ela se chama Ana. Acho que ela tenta me fazer sentir melhor. De qualquer forma, ela me ajuda. Meu pai agora namora uma moça de vinte anos. Ela está na faculdade e ele parece gostar muito mesmo dela, parece até apaixonado. Eles passam muito tempo juntos, assim como eu passo com a Ana. Quer dizer, não do mesmo jeito. Nunca falei sobre Ana com nenhum deles. Também tenho um namorado, o Júnior. Ele é muito bonito e várias meninas dão em cima dele, algumas fazem isso na minha frente. Eu me esforço para estar à altura dele. Ana também me ajuda nisso.
Na primeira vez em que ela apareceu, eu ia me encontrar com o Júnior, e meu pai fez um comentário sobre como o vestido que eu ia usar marcava a “pochete” em volta da minha cintura. Olhei no espelho e me choquei com o quão ridícula eu parecia. Como pude não ter notado aquilo? Estava enorme e deu muito trabalho esconder embaixo de uma cinta e um short jeans que cobria meu umbigo. Para disfarçar, vesti uma camisa de sarja e deixei a faixa da cintura um pouco folgada, fazendo parecer que aquele volume todo vinha da roupa. Confesso que qualquer vontade de sair sumiu no momento em que vi meu reflexo, mas não queria decepcionar o Júnior. Meu pai também devia ter planos e se eu desistisse ia acabar atrapalhando. Fui à cozinha lanchar e ela estava lá. Séria e concentrada, encostada na parede de azulejos, me aconselhou a dispensar aquele pãozinho caso eu não quisesse que aquele volume crescesse até explodir. Ela tinha razão. Tomei um copo de água gelada e administrei a fome como pude.
Durante o churrasco, ela ficou afastada. Ainda assim, podia sentir seus olhos sobre mim. Conversei com todo mundo, fiz graça e piada, mas tudo o que comi foi um pedaço de palmito. Cada pedacinho de picanha me dava agua na boca, mas também embrulhava meu estômago, me fazendo visualizar a mim mesma em lojas plus size, com queixo triplo e um bigode enorme. Eu sabia que isso seria possível. Minha mãe sempre disse que eu saí à família do meu pai. “Sofia aos quinze já está parecida com as tias. Nem quero ver como vai estar aos trinta”. Ela disse isso menos de dois meses antes de partir. Acho que ela realmente não queria ver. Eu nunca seria esguia como ela e a minha irmã. Talvez por isso tenha me deixado para trás. Ana estava satisfeita comigo e até riu quando, no fim do dia, tive uma vertigem ao levantar de uma cadeira. Fico feliz que só ela tenha notado, eu realmente não quero responder perguntas agora.
Antes que você pense, eu não sou maluca. Eu não acho que esteja enorme de gorda, sei de cor as minhas medidas, mas também sei o potencial que tenho, e realmente não quero ficar maior do que já estou. Perder alguns centímetros no quadril e na cintura não fariam mal nenhum.
Agora, Ana me acompanha o tempo todo. Eu não quero, de jeito nenhum, que ninguém saiba sobre ela, por isso temos um relacionamento discreto. É mesmo uma sorte que meu pai esteja tão envolvido com a nova namorada ou ele poderia notar que só tomo água antes de ir à escola e que estou sistematicamente reduzindo meu almoço a uma maçã ou um tomate. É mais difícil ser discreta quando saio com os amigos, mas sempre gostei de chá sem açúcar, e quando o lanche vem para todo mundo, pego uma unidade de qualquer coisa, fico brincando com a comida e continuo conversando até eles acabarem com tudo. Ninguém nota, desde que eu faça piadas e continue sorrindo. A imagem da gordinha palhaça cruza a minha mente, e continuo no meu propósito de não me tornar uma delas.
Tenho me pesado todos os dias, e me frustra ter perdido muito pouco peso. Meu pai comentou alguma coisa, elogiou minhas novas formas. Isso é bom. Só preciso continuar o que estou fazendo e ele vai me achar bonita, como achava a minha mãe.

Ultimamente, ela está me deixando louca. Ela me critica mais do que eu mesma. Me arrasta para o espelho, a fita métrica e a balança todos os dias, esfregando na minha cara que eu nunca vou deixar de ser uma gordinha engraçada, e que logo vou virar ponto de referência “estou logo depois da gorda”. Vejo nos meus sonhos uma Sofia deformada, presa em portas giratórias, o Júnior rindo de mim e fingindo que não me conhece, meu pai indo embora e me deixando por ter vergonha do fiasco de filha que sobrou para ele. Acho que não devo reclamar da Ana. Ela me ajuda a ter consciência e tentar melhorar. Dia desses ia sair com a turma para o clube e ela me convenceu do quão patética eu pareceria num biquíni. Fui de short e camiseta e disse que tinha esquecido a roupa de banho. Assim, não envergonhei meu namorado na frente dos nossos amigos. Tenho medo que quando ele perceba o quanto sou deformada, me deixe para sempre. Aliás, acho que ele já desconfia, mal chega perto mim e cada vez me convida menos para sair. Por isso, resolvi apertar nos exercícios, correr todos os dias, fazer mil abdominais. Até pode dar certo, se eu conseguir controlar a vertigem.
Aprendi que se tomar as vitaminas certas, minha energia volta sem ter que me entupir de carboidrato. Também encontrei na internet, um grupo de amigas da Ana. Tem muita dica legal e histórias de meninas que estão quase alcançando o corpo desejado com a ajuda dela. Conheci muita gente bacana e que me entende. Não ficam mentindo, dizendo que estou linda ou até magra demais. Elas jogam a real e me ajudam. Sinto Ana cada vez mais próxima, acompanhando a minha vida a cada passo, me fazendo companhia.
Domingo desses, na casa da minha avó, a namorada do meu pai comentou que eu não tinha almoçado. Ela falou isso na frente de todo mundo e eu virei o assunto da mesa. Saí de lá com horário marcado na terapeuta, muitos olhos em cima de mim e ouvindo xingamentos dirigidos à minha mãe. Por culpa daquela intrometida, agora todo mundo acha que estou traumatizada. Ridículos. Nem percebem que só estou gorda, minha mãe não tem nada com isso.
Cheguei ao consultório cedo. Não deixei ninguém me levar. Por que incomodaria alguém se o Uber está aí para ser usado? As paredes cor de pêssego me deixaram enjoada. Revistas de dois anos atrás, a secretária com o buço por fazer. Estava para desistir quando a doutora abriu a porta. Uma mulher pequena, cabelos pretos, olhos puxados e um jeito delicado que invejei imediatamente. Sentei na frente dela sem ter ideia do que dizer. Ela segurava uma prancheta de acrílico e me perguntou como eu estava, fazendo parecer algo casual. Dei de ombros, disse que estava bem, que meu pai me mandou lá porque minhas tias são malucas e esperam que eu também seja. Ela sorriu, contando que também tem tias malucas e, me pediu que contasse minha história até ali. “Não tenho nada a dizer, doutora.” “Você está aqui, eu também. Não podemos desperdiçar nosso tempo precioso.” Aí comecei a falar, quando nasci, como era minha família, meus pais, amigos e namorado. Claro que não mencionei a Ana. Ela me fez perguntas sobre a minha mãe e eu não queria responder. O que eu diria sobre ela? Linda, chique e meio assustadora? Ela foi embora. Ok. Ela era livre, eu fiquei com o meu pai, não é como se ela tivesse me largado na rua. Eu tenho tudo de que preciso, não quero essa estranha sentindo pena de mim. Droga, por que fui chorar na frente dela? Durante semanas, voltei àquelas conversas. Sabia que se não fosse, teria que dar explicações a todo mundo. Seria mais fácil encarar a japonesa curiosa. Ela me mandou para um médico na mesma clínica que chamou meu pai para conversar.
Encontraram a Ana, me encheram de remédios, contrataram uma nutricionista. Até o Junior fica me vigiando agora. Que ódio da japonesa! Nunca devia ter confiado. Não queria mais ir a nada que ela recomende, mas todo mundo agora acha que pode mandar em mim. Acabei indo a um encontro no parque com outras meninas. Era um piquenique. Uma delas tinha a pele esticada, parecia um cadáver, não conseguia comer nada. Peguei uma ameixa e fiquei mordiscando sentada na roda, fazendo um ou outro comentário espirituoso sobre o que diziam. A líder devia ter seus trinta e poucos anos. Algumas contavam histórias parecidas com a minha, várias também não vêem motivo para todo aquele alarde. Uma das meninas chorou contando da amiga que estava internada. Elas competiam para ver quem emagreceria mais. Eu queria não ter estado lá. A maioria se deixou convencer que têm um problema. Querer ficar bonita agora é uma coisa ruim, era só o que me faltava. Querer perder excesso é bem diferente de ficar igual à menina cadavérica. Continuo visitando a doutora. Ana a detesta. Cada vez que venho de lá, ela fica mais furiosa e grita comigo. Não quero mais levantar de manhã. Fico cansada o tempo todo. Escuto a voz das meninas da internet, do pessoal do piquenique, vejo o rosto da menina-cadáver, Ana grita, a japonesa flutua na minha frente, Junior ri de mim, meu pai me olha assustado, minha mãe sai pela porta, sinto a dor aguda no punho e o chão frio do banheiro em contato com o meu rosto. O sangue quente começa a me molhar. Um grito, gente em volta de mim, toalhas amarradas no meu pulso, sirene da ambulância.
O teto bege do hospital me encara. A luz fria incomoda meus olhos. Meu pai dorme na cadeira, a namorada dele no sofá. Eles percebem que acordei e me abraçam. Eu não achei que eles se importariam. Júnior não apareceu. Por que viria? Ele está cansado disso há um tempo. Pela primeira vez desde nem me lembro quando, choro toda a dor que me apertava a garganta. Ana sorri fria, no canto do quarto, com seus olhos vidrados e cabelo ensebado. Pela primeira vez, quero que ela vá embora para sempre.
Volto à nutricionista, ao médico, ao piquenique e à japonesa. Dói meu estômago comer o que mandam, os remédios me deixam lerda, odeio falar no assunto. No parque, Ana me olhava debochada, ria de mim, apontava meus defeitos. Virei as costas. Nunca mais quero vê-la. Não vou deixar que vença, sou mais forte que ela. Sorrio para a menina na minha frente. O nome dela é Mariana, tem quatorze anos e gosta da minha companhia. Também gosto dela. Eu mereço coisas boas.

terça-feira, 26 de março de 2019

Por que tantas estátuas egípcias têm o nariz quebrado?


Face of Senwosret III, ca. 1878–1840 B.C. Courtesy of The Metropolitan Museum of Art.Statue of Amenemhat III, c. 1859–1814 C.C. Courtesy of the Cleveland Museum of Art.
A pergunta mais comum que o curador Edward Bleiberg recebe de visitantes do Museu de Arte Egípcia do Brooklyn é uma direta, porém incômoda: Por que os narizes das estátuas estão quebrados? Bleiberg, que supervisiona a extensa coleção de arte Egípcia, Clássica e Oriente Médio do museu, foi surpreendido nas primeiras vezes em que ouviu esta pergunta. Ele tinha a certeza que as esculturas estavam danificadas; seu treinamento em egiptologia o encorajava a visualizar como uma estátua pareceria se ainda estivesse intacta. Parecia inevitável que após milhares de anos, um artefato tão antigo mostrasse todos os detalhes. Mas esta simples observação levou Bleiberg a descobrir uma abrangente teia de destruição deliberada, que aponta para uma complexa gama de razões por que a maioria dos trabalhos de arte egípcios foram desfigurados em primeiro lugar.
A pesquisa de Bleiberg é agora a base da contundente exibição “Poder Notável: Iconoclastia no Egito Antigo. ” Uma seleção de objetos da coleção do Museu do Brooklyn viajará para a Fundação de Arte Pulitzer no fim deste mês sob a co-direção da curadora associada Stephanie Weissberg. Expondo lado a lado, estátuas danificadas e altos-relevos, datados do século XXV a.C ao século I d.C, junto a uma cópia intacta, a mostra testifica a função política e religiosa dos artefatos egípcios – e a arraigada cultura iconoclasta que levou à sua mutilação.
Em nossa própria era, onde reconhecemos nos monumentos nacionais e outras demonstrações de arte, “Poder Notável” acrescenta uma relevante dimensão ao nosso entendimento de uma das mais antigas e duradouras civilizações do mundo, cuja cultura visual, em grande parte, manteve-se imutável pelos milênios. Esta continuidade estilística reflete – e diretamente contribui para – os longos períodos de estabilidade do império. Porém, invasões de forças externas, questões de poder entre soberanos das dinastias, e outros períodos de turbulência deixaram suas cicatrizes.

Bust of an Official, 380–342 B.C. Courtesy of The Metropolitan Museum of Art.Amunhotep, Son of Nebiry, ca. 1426–00 B.C.E. Courtesy of the Brooklyn Museum.

“A consistência dos padrões onde os danos foram encontrados nas esculturas, sugere que foram propositais”, disse Bleiberg, citando diversas motivações políticas, religiosas, pessoais e criminosas para os atos de vandalismo. Para discernir a diferença entre danos acidentais e vandalismo deliberado foi necessário reconhecer tais padrões. Um nariz protuberante numa estátua tridimensional é facilmente quebrável, ele admite, mas a situação não é tão simples quando peças planas também ostentam narizes quebrados
Os antigos egípcios, é importante ressaltar, imputavam grandes poderes a imagens da forma humana. Eles acreditavam que a essência de uma deidade poderia habitar uma imagem daquela deidade, ou, no caso de meros mortais, parte da alma daquele ser humano poderia habitar uma estátua nomeada para aquela pessoa em particular. Essas campanhas de vandalismo tinham a intenção de “desativar o poder de uma imagem”, como Bleiberg enfatizou.
Tumbas e templos eram repositórios para a maioria das esculturas e imagens planas que tinham propósito ritualístico. “Todas elas têm a ver com o recurso de oferendas ao sobrenatural”, disse Bleiberg. Numa tumba, eles serviam para “alimentar” a pessoa representada no próximo mundo com presentes e comida do nosso mundo.  Nos templos, as representações dos deuses são expostas recebendo oferendas de representações de reis e outros nobres capazes de se responsabilizar por uma estátua.  

Stela of Setju, ca. 2500–2350 B.C.E. Courtesy of the Brooklyn Museum.

“A religião estatal egípcia”, explicou Bleiberg, era vista como “um arranjo onde reis na Terra proviam para a deidade, e em troca, a deidade cuida do Egito”. Estátuas e afins eram um “ponto de contato entre o sobrenatural e este mundo”, ele disse, apenas habitadas ou “revividas”, quando o ritual é performado. E atos de iconoclastia poderia interromper este poder.
“A parte danificada do corpo não é mais capaz de realizar este trabalho”, Bleiberg explicou. Sem o nariz, a estátua-espírito deixa de respirar, então o vândalo está efetivamente, matando-a. Marretar as orelhas a tornaria incapaz de ouvir orações. Em estátuas que pretendem representar seres humanos fazendo oferendas a deuses, o braço esquerdo – mais comumente usado para fazer ofertas – está cortado, então a função da estátua não pode ser cumprida (a mão direita está constantemente amputada em estátuas recebendo oferendas).
“No período faraônico havia um claro entendimento do que uma escultura deveria fazer”, disse Bleiberg. Até um ladrão de tumbas comum era mais interessado em roubar os objetos preciosos, ele também estava preocupado que a pessoa representada poderia se vingar se sua representação não estivesse mutilada.
A prática principal de danificar imagens da forma humana – e a comoção acerca da profanação – data do início da história egípcia. Múmias intencionalmente danificadas do período pré-histórico, por exemplo, falam de uma “crença cultural muito básica que danificar a imagem, danifica a pessoa representada”, disse Beliberg. De maneira parecida, manuais em hieróglifos continham instruções para guerreiros prestes a entrar em batalhas: construir uma imagem em cera do inimigo e então, destruí-las. Muitos textos descrevem o temor de ter sua própria imagem danificada, e faraós frequentemente decretavam terríveis punições para qualquer um que ousasse ameaçar suas representações.
Na verdade, “Iconoclastia numa grande escala... era primariamente política em suas razões,” Bleiberg escreve na exibição catalogada em “Poder Notável”. Desfigurar estátuas que representavam soberanos ambiciosos (e candidatos a soberanos), reescrevendo a história a seu favor. Através dos séculos essa eliminação constantemente ocorreu por linhas de gênero: os legados de duas poderosas rainhas egípcias, de quem a autoridade e misticismo alimentam a imaginação cultural – Hatshepsut e Nefertiti – foram largamente apagadas da cultura visual.
“O reinado de Hatshepsut apresentou um problema para a legitimidade do sucessor de  Thutmose III, e Thutmose resolveu este problema virtualmente eliminando toda memória em imagem e escrita de Hatshepsut,” Bleiberg escreve. O marido de Nefertiti, Akhenaten trouxe uma rara mudança estilística para a arte egípcia no período Amarna (1353 – 36 a.C) durante sua revolução religiosa. As sucessivas rebeliões forjadas por seu filho Tutankhamun e sua casta incluíram a antiquíssima veneração ao deus Amon; “a destruição dos monumentos a Akhentaten foi, portanto, completa e efetiva,” Bleiberg escreve. Nefertiti e suas filhas também sofreram, estes atos de iconoclastia obscureceram muitos detalhes de seus reinados.
Antigos egípcios tomaram providências para resguardar suas esculturas. Estátuas eram guardadas em nichos nas tumbas ou templos para protege-los em três lados. Eles estariam seguros atrás de um muro, seus olhos alinhados com dois buracos diante dos quais um sacerdote faria suas oferendas. “Eles faziam o que podiam,” disse Bleiberg. “Realmente não funcionou tão bem”.
Falando sobre a inutilidade dessas medidas, Bleiberg observou a aptidão evidente dos iconoclastas. “Eles não eram vândalos,” ele esclarece. “Eles não estavam desleixada e aleatoriamente destruindo obras de arte”. De fato, a precisão de seus formões sugere que eram profissionais especializados, treinados e contratados para este exato propósito. “Frequentemente no período faraônico,” disse Bleiberg, “era realmente somente o nome da pessoa visada na inscrição. Isso significa que a pessoa realizando o dano sabia ler! ”
O entendimento dessas estátuas mudou do decorrer do tempo, enquanto os costumes culturais mudaram. No início da era Cristã no Egito, entre os séculos I e III d.C, os deuses habitantes das esculturas eram temidos como demônios pagãos; para desmantelar o paganismo, suas ferramentas ritualísticas – especialmente estátuas fazendo oferendas – foram atacadas. Após a invasão muçulmana no século VII, supostamente, os egípcios perderam o medo desses antigos objetos de ritual. Durante este tempo, estátuas de pedra eram regularmente cortadas em retângulos e usadas em projetos de construção.
 “Templos antigos eram de alguma maneira vistos como pedreiras", Bleiberg disse, nada daquilo “quando você anda pelo Cairo medieval, você pode ver muito mais objetos egípcios antigos em um muro. ”
Tal prática, vista como ultrajante para ouvidos modernos, considerando nossa apreciação pela cultura egípcia e seus artefatos como trabalhos de mestre de fina arte, mas Bleiberg em apontar que os “antigos egípcios não tinham uma palavra para ‘arte’. Eles teriam se referido a esses objetos como ‘equipamento' ". Quando falamos sobre estes artefatos como trabalhos de arte, ele disse, nós os descontextualizamos. Além disso, essas ideias sobre o poder das imagens não eram peculiares no mundo antigo, ele observa, referindo-se à nossa própria era de preservação do patrimônio culturas e monumentos públicos.
“Imagens em espaço público é um reflexo de quem tem o poder de contar a história do que aconteceu e o que deve ser lembrado, ” Bleiberg disse. “Nós estamos testemunhando o fortalecimento de muitos grupos de pessoas com diferentes opiniões a respeito do que é uma narrativa apropriada. ” Talvez possamos aprender com os faraós; como nós escolhemos reescrever nossas histórias nacionais poderia apenas conter alguns fatos de iconoclastia.